segunda-feira, 8 de junho de 2009

A casa e um amigo.



[...]


No começo parece estranho...

Chegou de mancinho, ponderou os passos...

A madeira era boa, mas os alicerces que a sustentavam eram falhos.

Ele gostaria de entrar, mas evitava. Ate onde ir?Por qual caminho seguir?

Observava todos os atos daquela casa...

Muitas pessoas passavam por ele... Umas paravam em frente à casa, outras seguiam com desdém e também tinha aquelas que de forma brutal ingressavam no interior daquela residência.

Ele permanecia quieto.

Observava milimetricamente os atos alheios das pessoas em relação a aquele imóvel...

Permanecia silencioso as manifestações vindas da casa...

Alguns dos muitos que entravam naquela morada, fria, sombria, saiam de lá com a pior impressão possível.

Achava ela sombria... Mórbida... feia...

Passavam por ele, comentavam suas experiências... Ele ouvia, sorria e calava...

Porque agia assim?

Simples... Por que contemplava o que via naquela casa. Contemplava somente o que aquela casa trazia pra ele, e não aquilo era dito por terceiros sobre ela.

Ele precisava viver aquela casa, sentir aquela casa...

O tempo passou...

Os passos eram adicionados conforme os fatos.

Um passo, dois passos...

Ele caminhava pra ela... e ela esperava-o...

O jardim...

A varanda...

A porta...

Em frente à porta...

Ele não abre, não força... Espera que alguém saia...

Respeita aquela casa como se fosse um templo... algo intocável... vivo.

Ali não existiam restos... não existia passado... existia presente.

O passado era levado por aqueles que de lá saiam.

Aquela casa, aquele jardim, aquela porta...

O vento bate... toca-lhe o corpo... ele observa...

O vento bate mais forte ainda...

A porta se abre.

Ele entra...

A sala... a escada... o quartos... Tudo que ali existe é lindo...

Ele se assusta... Comove-se e pensa; Como pode alguém achar que esta casa é feia?

Tudo é limpo, arrumado...

Tudo claro... nítido...

De repente sem que ele espere alguém entra na casa... e questiona:

- Não deverias entrar aqui... esse teto está para cair...

Ele sorri... um sorriso impar.. somente aquele dado por ele...

Ele sorri... que sorriso... e tudo a casa vê... tudo Ela sente...

A única coisa dita por ele é:

"A casa não vai cair."

O outro rapaz responde:

- Certo... eu avisei.

Ele vive lá... dentro dela.Respira o ar dela...

Nenhum teto desabou... Nenhuma poeira o irritou...Nada aconteceu...

Em fim... por que será que a casa não caiu?

Por que os outros a avistavam como algo ruim e somente ele conseguia ver o que de bom aquela casa tinha?

Boa pergunta...

Entre na casa como ele entrou... sente na cadeira como ele sentou...

"Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos."